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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Elegia- Junia Bittencourt

 Elegia
Junia Bittencourt

Dispo-me para ti às três da tarde em ponto.

Mesmo que tu não venhas, dispo-me.
Mesmo que digas que não vens, dispo-me e espero.
Porque te esperar é o que faço de bom na vida
E só faço porque nada mais me resta a fazer de bom.

Grito teu nome porque é teu nome que sei dizer.

Sussurro te chamando porque sei que não me ouves.
Mesmo que digas que não ouves, chamo a ti.
Pois te chamar é o que faço de bom na vida.
E só faço porque nada mais me resta a fazer de bom.

Penso em ti cada minuto do meu dia.

Mesmo que os pensamentos sejam só saudade.
Mesmo que a saudade seja dor intensa.
Porque pensar em ti é o que faço de bom na vida.
E sentir saudade é o que me resta a fazer de bom.

Procuro tua sombra para ver se encontro a ti.

Na noite escura, procuro a ti.
Mesmo que não haja luz procuro a tua sombra.
Procurar a tua sombra é o que faço de bom na vida.
E só faço porque nada mais me resta a fazer de bom.

Sonho acordada porque não consigo dormir.

Mesmo que eu durma o meu sonho é pra ti.
Mesmo que digas que não vem, meu sonho é teu.
E sonhar contigo é o que faço de bom na vida.
E só faço porque nada mais me resta a fazer de bom.

Visto a mortalha às 23 e trinta. Nem sempre em ponto.

Mesmo que tu não vás, visto a mortalha.
Mesmo que digas que não vais, me visto de preto.
Porque me despedir de ti é o que faço de triste na vida.
E só faço porque nada mais me resta a fazer de bom.

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