Total de visualizações de página

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


"ROSAS DE ANTANHO"

                                    

Desce a tarde outonal ... No salão quieto e mudo,
Véspero sol um hausto inflamado derrama.
Lavra uma febre de ouro. Há frêmitos de chama
Nos bronzes, nos cristais, nas molduras ... em tudo.

E nas jarras de forma esgalgada e franzina,
Chispando á fulva luz, sob a tarde outonal,
As rosas murcham ... Lenta, em magoada surdina,
- Saudade da estação – canta a aura vesperal.

As rosas murcham ... No ar paira o vago e tristonho
Silêncio emocional das almas e das cousas.
As jarras de cristal lembram lúcidas lousas ...
E as rosas murcham, como um sonho, como um sonho ...

E do rútilo poente as rosas amortecem ...
Desfaz-se do horizonte o pomposo cariz.
Ó! morbidez da cor das rosas que emurchecem,
Agonia do aroma, estertor da matiz!

[...]Arthur de Salles

Nenhum comentário: